segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Dos Pórticos à Lata"

“DOS PÓRTICOS À LATA”

Resenha de pesquisas sobre três escolas brasileiras que são representantes do neoclássico, modernismo e contemporâneo

Sendo arte, a arquitetura deve ser considerada uma forma de comunicação, com a função de exprimir uma idéia e um sentimento. Ao longo da história, a arquitetura procurou atender as necessidades dos homens, seus interesses políticos, caráter ideológico, etc. A arquitetura escolar seguiu estas necessidades, interesses e ideologias.

Genericamente, desde a antiguidade, quando Platão compra uma propriedade – a Academos – nos arredores de Atenas e funda uma escola, a Academia, com seus pórticos, onde desenvolve seus estudos; passando pela Idade Média, onde os centros de estudo eram os mosteiros, o design, as técnicas, o estilo arquitetônico variaram até os dias atuais com as escolas comuns “para todos”.

No Brasil, quando o ensino se tornou um direito de todos os cidadãos e surgiram as primeiras escolas públicas (amparadas nos ideais da Revolução Francesa), o estilo se transformou até os dias atuais. Foram escolhidas três escolas, de épocas diferentes, para serem utilizadas como exemplos:

O primeiro exemplo é a Escola Caetano de Campos (1894), conhecida como a escola da praça. Localizada em São Paulo, ela serviu de ícone da importância que o novo regime deu à educação. De estilo neoclássico, ligada ao ideal republicano, constituída de arcadas, pátios, salas amplas com pé direito de até cinco metros, transmitiam a idéia ao aluno de que ele era valorizado. O projeto é do arquiteto Francisco Ramos de Azevedo.

O segundo é a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU USP – de 1969. O estilo modernista que propôs a geometrização dos edifícios, utilizando linhas puras, a estética do inacabado e o intenso uso do concreto armado, possibilitou a aplicação de grandes panos de vidro e uma estrutura com o concreto aparente. A luz natural era aproveitada e a preocupação com o mobiliário propiciou certo conforto aos alunos e professores. A obra é de João Vilanova Artigas.

O terceiro é o Centro Integrado de Educação Pública – CIEP - que foi implantado inicialmente no Rio de Janeiro por volta de 1993 durante o governo de Brizola. O projeto das foi feito por Oscar Niemeyer e conduzido por Darcy Ribeiro. A necessidade por mais edifícios pediu o barateamento das obras. Foram usados pré-moldados, os CIEPs recebiam módulos de argamassa armada e eram projetados com alojamentos para até doze crianças em caso de necessidades, possuíam refeitórios e bibliotecas. Por falta de continuidade administrativa, essa característica do ensino integral foi banida e as unidades construídas se tornaram escolas comuns, com ensino em turnos.

O barateamento no custo das obras criou deficiências que culminou com as chamadas escolas de lata.

Resenha do Texto A FUNÇÃO DA ARTE de Ferreira Gullar

O texto A Função da Arte da autoria de Ferreira Gullar foi escrito como sendo o questionamento do debate contemporâneo no que diz respeito a função da arte na sociedade, uma vez que ele diz “a função social da arte”, ou seja, determinando que a função da arte é social. O texto inicia-se dizendo que a primeira função da arte é ela mesma, ela suscita nas pessoas a alegria e o enriquecimento pessoal.

A invenção da vida tratada pelo autor se refere no geral, e é feita de acordo com as necessidades. Desde a pessoal – na escolha por esta ou aquela profissão –, a científica – no caso dos elementos tecnológicos que fazem a cidade funcionar –, e aos produtos culturais como a religião, uma vez que ela dá sentido ao mundo e responde com a fé o que a ciência não consegue responder; a arte, que é fruto da cultura e parte deste mundo inventado, por assim ser também é uma invenção.

Ferreira Gullar também cita o que não poderia ser função da arte, que é a de dizer a verdade. A explicação que ele dá é que de acordo com a necessidade do ser humano, a arte pode ser mentirosa desde que satisfaça a necessidade. Como exemplo, é citada uma frase de Drummond: “Como aqueles primitivos que carregam consigo o maxilar de seus mortos, eu te carrego comigo, tarde de maio”, uma mentira, pois não há como alguém carregar uma tarde de maio, no sentido literal da palavra, mesmo assim, a beleza que se tem é muito grande. E fazendo a amarra com o início do texto, onde o autor diz que dar alegria é a função da arte, ele se refere à frase de Drummond com a seguinte: “o cara lê isso e fica feliz, a vida dele é mais rica”. Por fim, diz que a arte não tem uma única função e que basicamente ela é parte do mundo inventado que o homem necessita para viver.

O texto de Gullar trata bem sobre o tema ARTE, uma vez que a obra de arte é realmente uma criação do ser humano com valores estéticos que resumem suas emoções, sua história e sua cultura. De forma que ela tem uma relação dual com a sociedade, pois ao mesmo tempo que ela é criada pelos homens, ela tem o poder de interferir e transformar os seus sentimentos. É de se concordar que a função social da arte é a de proporcionar felicidade, e esta é a função maior de todas e a mais bonita. É a maior de todas porque direta ou indiretamente a obra de arte é feita no intuito de satisfazer necessidades - seja a de contar uma história ou imprimir suas emoções ou ideologias - e se assim o faz, proporciona alegria ao artista, mas mesmo quem é somente observador, pode se deleitar, usar como decoração, estudá-la... e assim sendo todas essas funções menores cumpridas, gerará prazeres, e no fim, prazeres são alegrias. E é justamente por isto que essa função, a principal e maior, é a mais bonita.